
Depois do falecimento do ator e humorista Paulo Gustavo, que era asmático, muitas pessoas têm dúvidas se a doença é ou não fator de risco para a Covid-19. A asma é uma doença crônica (não tem cura) que consiste na presença de um processo inflamatório dos brônquios. Geralmente, tem um caráter alérgico e hereditário. Quando o paciente está na fase ativa da doença, ele apresenta inúmeros sintomas respiratórios como crise de falta de ar, sensação de aperto no peito, chiado no peito, tosse e cansaço fácil.
O médico pneumologista Dr George Amado explica que asmático leve a moderado, desde que em tratamento de manutenção e com a sua doença controlada, não representa fator de risco para adquirir o Sars-Cov-2, nem para evoluir para as formas graves da doença. Por isso, a importância do asmático está tratando a sua doença. “Já os asmáticos graves, que apresentam difícil controle da doença mesmo em tratamento, esses sim representam fator de risco para a evolução do quadro grave do Covid-19, por isso que esse grupo de asma grave foi incluído na prioridade para a vacinação”, disse.
A asma geralmente tem um caráter genético e os sintomas começam já na infância, com casos que se manifestam somente na fase adulta. Nos casos leves, os pacientes apresentam períodos de acalmia da doença (sem sintomas) e entram em crise em determinadas situações, como por exemplo: ansiedade, contato com aeroalérgenos (pó, poeira, odor forte), infecções virais ou bacterianas. Uma vez diagnosticado, o paciente asmático deve estar sendo acompanhado periodicamente pelo médico pneumologista para manter a asma sob controle (sem sintomas).
A contadora Adriana Vila Nova é uma paciente asmática e logo no início da pandemia se desesperou quando ouviu falar que um dos principais sintomas da Covid-19 era a falta de ar. “Entrei em pânico porque também já tive pneumonia quando pequena e quase morri. Me isolei totalmente, tenho exatamente o tempo da pandemia que não vou ao escritório e só trabalho em home office. Mesmo sabendo que a asma controlada não é fator de risco, continuo com os mesmo cuidados, não aglomero, uso máscaras caso precise sair de casa, evito isolar ou comer coisas que possam gerar uma crise asmática e esperando a minha vez de me vacinar, mas sei que mesmo vacinada terei que continuar me cuidando”, disse.
Conviver com a asma faz a contadora se lembrar de fatos que passou na infância. “Desde quando nasci convivo com essa doença, fui prematura e já nasci com dificuldades respiratórias. Meus pais tinham que me levar ainda cedinho e me dar um banho de água de mar, tipo um choque térmico. O uso de aerossol, em qualquer lugar em que eu fosse, assim como as bombinhas que até hoje são minhas companheiras (risos). Quando eu tinha as crises, eram bem desesperadoras porque falta de ar é horrível”, comentou Adriana.
Dr George Amado lembra que a doença pode causar a morte, por isso é importante mantê-la controlada. “Quando o asmático não trata adequadamente sua doença crônica, pode ser surpreendido por uma crise forte de broncoespasmo (fechamento dos brônquios), que eventualmente pode sim levar a óbito. Mas, é uma situação incomum, pois a gama de opções de medicamentos disponíveis hoje em dia, nos permite obter o controle fácil da doença. Por isso, a necessidade de acompanhamento médico regular”, concluiu.