Edvar Freire Caetano

No início do reinado de Elizabete, na Inglaterra, o primeiro-ministro Winston Churchill ignorou os apontamentos científicos que davam conta de um problema provocado pela fumaça das chaminés, somado a um episódio climático em Londres.

Isso custou muitas vidas aos ingleses e o homem só não caiu porque visitou um hospital, acidentalmente, para visitar sua secretária, que morrera atropelada por um ônibus cujo motorista não tinha visibilidade dentro do denso nevoeiro, agravado pela fumaça.

Na visita, ele soube que a monarca o convocara para uma reunião, e, percebendo que cairia pela manhã bem cedo, convocou os jornalistas e fez uma coletiva em que demonstrava “evidente preocupação com os internados nos hospitais”, e os jornais chegaram ao gabinete da rainha minutos antes do esperto ministro, detalhe que o salvou.

Aqui no Brasil, a população, e até alguns jornalistas sequer aprenderam a pronunciar o seu nome e o ministro da saúde, Nelson Sperle Teich, entrega o cargo, antes mesmo de completar 30 dias à frente da pasta que enfrenta a pior crise epidemiológica da história do país, quando sucedeu ao ex-ministro e bem-falante Henrique Mandetta.

Ao que todos os indicadores apontam, outra vez, por não seguir “orientações técnicas” vindas do presidente da república, o impressionante Jair Bolsonaro, que sequer tem formação na área de saúde, mas que se serve de assessores alinhados que insistem na liberação da famigerada cloroquina e seus derivados, medicamento ainda em testes para tratamento da covid-19.

Logo no início da semana, o ministro recebeu um golpe quando descobriu, constrangido pelas perguntas de repórteres, em meio a uma coletiva, que o presidente liberara algumas atividades, consideradas não essenciais, sem qualquer consulta ao titular e responsável pela pasta, o que o levou a gaguejar um pouco sem saber o que responder.

Hoje, o mundo político nacional pasma ao ver o quanto é insustentável um cargo no governo instável de Bolsonaro, que não consegue administrar uma crise de mão dupla, que atinge em cheio a saúde pública e a economia.

Bolsonaro bem que poderia aprender a lição de Churchill, e visitar a linha de frente da pandemia, ir a alguns hospitais, conversar com profissionais de saúde. Tudo isso, claro, episodicamente e com os devidos cuidados; falar nas coletivas de imprensa, como faz o esperto Dória, de São Paulo.

Vaidoso e mal assessorado, o capitão permanece atirando no próprio pé: primeiro com Bebianno; tempos depois, com Mandetta; mais um pouco, com Moro; e agora, com o Teich.

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