“A zona de conforto não é a minha praia. É inegável que a experiência de Brasília me fez crescer ainda mais como profissional. Mas eu quero dar o meu melhor para a minha cidade, para o meu Estado”.

Ela é corajosa e de fala certeira. Com 43 anos e, destes, quase 18 dedicados ao trabalho na Polícia Civil do Estado de Sergipe, a delegada Danielle Garcia enumera motivos para comemorar uma carreira brilhante.

Nesta trajetória um dos feitos foi o c comando do Deotap. De lá saíram frutos que até hoje a sociedade sergipana colhe e ainda colherá por longos anos.

E inúmeras estas operações foram realizadas no Deotap durante o período em que o Departamento esteve sob comando da delegada Danielle Garcia. Entre elas, pode-se citar as operações Castelo de Cartas, Subvenções, Indenizar-se, Venal e Babel.

Danielle Garcia se tornou um nome – em nível nacional – no combate à corrupção. E, se por um lado isso trouxe status, por outro trouxe a consciência e a vontade de fazer muito mais pelo próprio povo, por Sergipe, terra em que a delegada nasceu.

“É muito difícil e até mesmo frustante, ver tanta coisa errada e criminosa acontecendo, e não ter ‘braço’ para resolver muitas dessas coisas”, analisa a delegada que complementa dizendo ter sido dessa ideia de impotência que surgiu a vontade de ser política.

Porque, segundo Danielle Garcia, quem luta contra a corrupção luta a favor de toda uma população. Afinal, quando o dinheiro deixa de ser desviado para fins ilícitos, ele pode voltar aos cofres públicos e ao bolso de quem é o verdadeiro dono – o povo – e estar a serviço desse povo proporcionando mais saúde, educação, segurança pública, entretenimento e qualidade de vida.

Essa e outras ideias da delegada que está iniciando na política sergipana você pode conferir agora em entrevista concedida à jornalista Paula Coutinho, especialmente para o CINFORM.

CINFORM – Delegada Danielle Garcia, a última pesquisa aponta seu nome como pré-candidata fortíssima à Prefeitura de Aracaju. E a senhora saiu de Aracaju há quase um ano. Acredita que o povo tem essa carinho e essa lembrança por que?

DANIELLE – Acredito que fruto do trabalho sério e corajoso desenvolvido à frente do DEOTAP, por longos 9 anos. Os sergipanos e sergipanas viveram junto comigo a intensidade da minha atuação na DEOTAP e por isso meu trabalho tem credibilidade na sociedade. Mas são quase 20 anos como delegada e sempre primei pela ética e compromisso em entregar os melhores resultados.

CINFORM – Suponhamos que a senhora seja a candidata escolhida por seu grupo e entre para a disputa política. Por que deixar Brasília hoje, em um cargo tão almejado, e voltar para Sergipe, para Aracaju, para fazer política? É uma missão?

DANIELLE – O trabalho em Brasília é realmente muito interessante e a minha atuação tem sido reconhecida pelo Ministério da Justiça, o que me deixa feliz e grata, mas pouco posso fazer diretamente por Sergipe e por Aracaju. Essa inquietação me levou a aceitar o convite para filiação junto ao Cidadania, para que possamos concorrer ao próximo pleito eleitoral. Então, é certo que meu nome estará a disposição dos aracajuanos na eleição de 2020, o cargo será definido em grupo, baseado em uma série de fatores, inclusive de pesquisas, ouvindo a voz da população.

CINFORM – Muita gente sonharia com um cargo destes em Brasília, seria a realização profissional de muitos. Mas a senhora preferiu fazer o caminho inverso, voltar. Por que? É bairrismo? É amor pelo Estado em que nasceu?

DANIELLE – Como tenho dito em algumas entrevistas, a zona de conforto não é a minha praia. É inegável que essa experiência em Brasília me fez crescer ainda mais como profissional, e mesmo como pessoa, mas quero dar o meu melhor para a minha cidade, para o meu Estado. Eu como aracajuana, percebo que a sociedade pede por renovação na política. São sempre os mesmos nomes, as mesmas práticas e os mesmos resultados. Aracaju precisa mudar e avançar, a população está cansada de ver propaganda bonita na TV e na realidade do dia a dia sofrer com péssimos serviços, a exemplo do transporte público que é precário e extremamente caro.

CINFORM – E por falar em Brasília, como foram esses meses lá? Em que consistia seu trabalho?

DANIELLE – Foram meses intensos de trabalho e muitas viagens coordenando cursos e ministrando aulas. A minha atuação consiste em coordenar o programa de Fortalecimento das Polícias Judiciárias no combate à corrupção. Algo bem próximo ao que desenvolvia à frente do DEOTAP, porém, voltado a todas as 27 Polícias Civis do Brasil. Minha atuação era focada no fortalecimento do combate ao crime institucionalizado, baseado em capacitações, na criação de unidades especializadas nos Estados e na independência das investigações. Estou saindo do MJ mas deixo pronta toda a programação do ano de 2020, as grades curriculares e a organização dos eventos, para que não haja qualquer problema de continuidade. Volto para Aracaju para atender um chamado da vida.

CINFORM – Hoje o país passa por uma onda de mudanças na política e muito se deve à Operação Lava Jato. Há muita gente da área da polícia na política. Em Aracaju, com a senhora, são três delegados a pleitear candidaturas. A senhora vê modismo nisso?

DANIELLE – Não diria modismo, mas talvez a necessidade de oxigenação da política que estava posta. E o trabalho de delegado de polícia envolve gestão, lideranaça, saber lidar com pressão, características necessárias na política. De minha parte, acredito que a experiência que tenho no combate à corrupção pode ser um grande aliado na política, além da vontade de fazer uma gestão diferente do que vem sendo feita.

CINFORM – Administrar uma prefeitura em tempos de crise é uma tarefa árdua. Se eleita prefeita, quais seriam suas medidas de contenções. Em que economizaria? E o que daria prioridade?

DANIELLE – Essa é uma pergunta que deixarei para responder assim que o grupo definir quem será o candidato à Prefeito, mas posso adiantar que a prioridade da Prefeitura de Aracaju deveria ser a prestação dos serviços básicos com lisura, compromisso e de forma técnica. Hoje é fato que existe gordura para cortar na PMA. Todos os contratos e nomeações vão passar por um pente-fino.

CINFORM – Falando em crise, como pretende arcar com a campanha? É contra ou a favor desse projeto que prevê um fundo de campanha milionário para os partidos, enquanto desemprego e miséria aumentam no Brasil?

DANIELLE – Embora não seja ilegal, essa é uma questão que envolve coerência. Como podemos defender a utilização de recursos públicos para campanhas eleitorais ao invés de investir em áreas tão necessárias como educação, saúde e segurança? Essa questão de fundo eleitoral só favorece os grandes partidos políticos e suas permanências no poder. A política brasileira precisa de novas práticas, e isso significa novas formas de fazer campanha eleitoral. É algo que deveria ser observado pela sociedade: você vota em quem usa recurso público milionário para fazer campanha ou apoia candidaturas econômicas e verdadeiras?

CINFORM – Segurança, um dos assuntos que mais preocupam os brasileiros e também os aracajuanos. E, apesar de ser uma obrigação do Estado, como prefeita, quais ações poderiam ser implementadas para aumentar a segurança da população?

DANIELLE – Prefiro não entrar nessa parte de propostas, até porque a candidatura não está definida. Mas a segurança pública feita pelas Guardas Municipais é um pilar importante e por isso ela precisa ser melhor capacitada e instrumentalizada.

CINFORM – Estar à frente do Deotap durante sua carreira como delegada permitiu a senhora vê como a corrupção corrói o erário, como verbas públicas desviadas das áreas básicas (saúde, educação, segurança) são responsáveis indiretas pelo caos e morte na vida de centenas de pessoas. Isso também fomentou a vontade de ser gestora?

DANIELLE – Essa talvez seja uma das grandes responsáveis pela minha decisão em entrar na política. É muito difícil, e até mesmo frustrante, ver tanta coisa errada e criminosa acontecendo, e não ter “braço” para resolver muitas dessas coisas. A administração pública tem condições de prestar serviços melhores, com qualidade e eficiência, e se esses serviços não estão sendo entregues como deveriam, é porque existe algo errado. Graças a Deus a sociedade está cada dia mais consciente de como o sistema funciona. Chega de marketing e propaganda bem feita, o que os aracajuanos querem e precisam é de serviços públicos de excelência e uma gestão pública com valores éticos e compromisso com a entrega na ponta.

CINFORM – Por falar em Deotap, se fôssemos listar alguns dos seus principais trabalhos da época, quais seriam estas investigações? E se fosse possível falar de números, quantos MILHÕES o Estado teria em seus cofres caso esse dinheira toda não tivesse sido desviado?

DANIELLE – Foram muitas operações importantes que desvendaram os mais diversos esquemas criminosos. Posso citar as operações Castelo de Cartas, Subvenções, Indenizar-se, Venal, Babel, além de muitos outros casos que não tiveram a mesma divulgação, mas contaram com o mesmo afinco de toda a equipe do DEOTAP e órgãos parceiros.

CINFORM – Ao todo são quantos anos de Polícia Civil? A senhora sempre quis ser delegada? Como foi a decisão de sua carreira?

DANIELLE – Fiz direito na UFS e sempre tive verdadeira paixão pelas matérias de direito penal e processo penal. Assim que me formei, aos 22 anos, dois concursos foram abertos em Sergipe, um para o cargo de Defensor Público e o outro para Delegado de Polícia. Não tive dúvida: parei quase um ano da minha vida apenas para estudar para esse concurso de Delegado de Polícia. Hoje tenho 18 anos de carreira e me sinto completamente realizada como Delegada. Por isso tenho segurança para seguir esse chamado da vida e entrar na política. Acredito que posso ser útil e levar minha atuação para além da Polícia Civil.

CINFORM – Que nota a senhora daria para a gestão do prefeito Edvaldo Nogueira?

DANIELLE – A gestão do prefeito Edvaldo Nogueira atende a interesses diversos dos interesses dos cidadãos. Apesar de se dizer comunista, sua gestão é amarrada aos grandes empresários e seus objetivos financeiros, e isso é comprovado desde o financiamento da sua campanha eleitoral até a prática efetiva, como é o caso da licitação do lixo ou dos transportes públicos em Aracaju. A nota dessa gestão será dada pela população, nas urnas. Mas posso afirmar com absoluta certeza, esse grupo político que comanda Aracaju há muitos anos será derrotado. Chegou o momento de termos novas ideias, novas práticas. Um novo momento para a democracia da nossa capital.

CINFORM – Administrar uma prefeitura não é fácil. Há quem pense que é igual ou parecido com qualquer instituição pública ou qualquer empresa privada. Se a senhora ganhasse o pleito, que prefeita o aracajuano (a) terá? Será uma prefeita de estar às ruas ou será uma prefeita de gabinete?

DANIELLE – Nunca fui uma delegada de Polícia de gabinete, imagina Prefeita ou Vereadora. Gosto de verificar as coisas in loco, de debater com a equipe, de ouvir outras opiniões, acompanhar de perto cada decisão. Esse seria o meu jeito de fazer política, conversando com a população, liderando a mudança da nossa Aracaju. Precisamos resgatar o diálogo direto com a comunidade para a resolução dos problemas, e promover uma varredura nos contratos e nomeações. Cortando o desperdício e desvios de recursos públicos para que os serviços sejam prestados com qualidade que nós aracajuanos merecemos.

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