Deputado diz que prefeito jogou boa parte da responsabilidade do combate para o governo do Estado

Por Habacuque Villacorte – Da Equipe Cinform On Line

Desta vez a equipe do CINFORM ON LINE, conversou com o deputado estadual Georgeo Passos (Cidadania), que é um dos maiores defensores da instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa para apurar os gastos do governo do Estado com os recursos federais que chegaram exclusivamente para o combate à pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Faz sua avaliação do comportamento do governador Belivaldo Chagas (PSD) e do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), no enfrentamento à COVID. Confira a seguir, e na íntegra, esta entrevista exclusiva:

CINFORM ON LINE: Iniciando a entrevista, vamos à pergunta que não quer calar: por que a oposição defende tanto a realização de uma CPI na Assembleia Legislativa para investigar o governo no combate à COVID? Há algum fato concreto?

GEORGEO PASSOS: Veja, o nosso objetivo principal é investigar os R$ 5 milhões que foram encaminhados pelo governo do Estado para o Consórcio do Nordeste para a compra daqueles respiradores. Nenhum equipamento chegou e nem o dinheiro foi devolvido. Agora nós também queremos aprofundar a análise de como foi gasto todo o dinheiro que veio de Brasília (DF) para o combate à COVID no ano passado. Somando tudo passamos da marca de R$ 1 bilhão.

CINFORM ON LINE: Quantas assinaturas você recolheram? Alguém se posicionou a favor e recuou? Vocês já conversaram com todos os deputados?

GEORGEO PASSOS: Hoje nós temos cinco deputados que concordam com a instalação da CPI, mas nós precisamos de pelo menos mais três assinaturas. Estamos dialogando, mas é evidente que o Sistema Remoto sem o contato presencial esse trabalho ficou comprometido. O que nós podemos fazer agora é dar continuidade na defesa da CPI usando a tribuna da Assembleia Legislativa. Vamos continuar fazendo a nossa parte, apelando para os demais colegas.

CINFORM ON LINE: A base governista tem se posicionado contra a CPI neste momento, alegando que a prioridade é continuar tentando salvar vidas e lutar por vacinas. O que você acha?promover

GEORGEO PASSOS: O nosso entendimento é que o trabalho da CPI não atrapalha e não impede em nada o governo do Estado a continuar fazendo a sua parte. Afinal de contas, as indicações, os requerimentos e os pedidos que os parlamentares fazem por melhorias na saúde vão continuar e cabe ao Poder Executivo realizar as ações concretas. Nós, parlamentares, temos que cumprir nossa missão. A CPI não anula o trabalho dos deputados e nem do governo. Todos estão buscando melhorias para a Saúde.

CINFORM ON LINE: Agora, em uma análise pessoal, com você avalia o comportamento do governador Belivaldo Chagas no combate à pandemia?

GEORGEO PASSOS: Eu tenho que reconhecer que, assim como qualquer governante, Belivaldo foi surpreendido com uma situação inédita. E não apenas ele, mas todos os gestores. Mas acho que ele falhou quando tentou fazer aquela compra de respiradores via Consórcio Nordeste. A grande verdade é que se não fosse o governo federal muitas pessoas poderiam ter passado por um cenário maior de dificuldades. E o pior é essa indecisão que o governador deixa transparecer com seus decretos. Em especial quando se trata do toque de recolher. E o interessante é que vejo muita gente em Sergipe fazendo críticas pesadas contra o governo federal, mas demonstram certa parcialidade quando é para cobrar o governo de Sergipe. O PT é um exemplo, mas aqui tem a vice-governadora e algumas indicações em secretarias…

CINFORM ON LINE: E qual a sua avaliação sobre a postura do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira?

GEORGEO PASSOS: Com relação ao prefeito de Aracaju, a verdade é que nós praticamente não vimos a cara dele nessa pandemia! Principalmente nos momentos mais difíceis ele sempre jogou a bola para o governo, sendo que nós estamos falando do município com maior número de casos e vítimas infectadas. No meu entendimento faltou ao prefeito de Aracaju atuar no momento mais oportuno. Agora ele vem com ações atrasadas que são verdadeiras “cópias” de ações de outros municípios, como o auxílio emergencial, criado em várias cidades do Brasil. Eles fizeram para ajudar os setores mais afetados pela pandemia.

CINFORM ON LINE: Se não fosse o montante de ajuda do governo federal, daria para Estado e municípios sobreviverem a esta pandemia?

GEORGEO PASSOS: Dificilmente não! Todo o dinheiro que veio de Brasília foi imprescindível para todos! Sem esse dinheiro, a meu ver, o colapso já teria acontecido. E foi graças a este dinheiro que o governador conseguiu colocar a folha de pagamento do servidor em dia. É bom frisar que isso é fruto das ações do governo estadual, mas graças ao montante de dinheiro que chegou do governo federal.

CINFORM ON LINE: Qual a sua avaliação sobre a volta do auxílio emergencial e da cobertura do governo federal garantindo parte ou todo o salário dos trabalhadores? E o que dizer das contrapartidas do governo e da PMA?

GEORGEO PASSOS: Com relação ao auxílio emergencial, que chegou desde o ano passado, em um volume considerável e ainda foi continuado agora, posso dizer que ele manteve a economia viva. Sobre a medida provisória do emprego e renda, que o governo federal instituiu, assumindo parte dos salários em contrapartidas para as empresas, mantendo milhares de empregos. São medidas necessárias e importantes! Sem elas vejo que estaríamos vivendo um colapso da nossa economia. Infelizmente o governo do Estado não encaminhou nenhuma matéria para salvar o setor produtivo, ou melhor, isso veio após muita pressão e confusão, de maneira tímida, para o setor de bates e restaurantes. O governo do Estado deu um auxílio de R$ 100, que é sim um valor baixo e insuficiente. Não custa lembrar que o Executivo tem quase R$ 80 milhões na conta do Fundo de Combate à Pobreza, que poderia ser usado para ajudar muita gente. Sem contar que esse pequeno benefício foi disponibilizado para 25 mil sergipanos, em um universo com mais de dois milhões de cidadãos.

CINFORM ON LINE: E quanto a sua atuação na Assembleia? Já fez uma autocrítica? Está satisfeito com seu desempenho no parlamento? Pretende disputar a reeleição no próximo ano ou pode tentar uma cadeira na Câmara Federal?

GEORGEO PASSOS: Sempre que fazemos essa reflexão a gente percebe que poderia produzir muito mais se a Alese também colaborasse com o trabalho dos parlamentares. Temos projetos de 2015 engavetados, requerimentos sem respostas. Isso até desestimula o trabalho para a população. Por outro lado, diante da postura e cobranças responsáveis que recebemos, elas servem de motivação, é o combustível que necessitamos. No próximo ano vamos colocar o nosso nome para ser avaliado para a disputa de deputado estadual.

CINFORM ON LINE: Falando na Alese, você tem sido um crítico de alguns posicionamentos da Casa, em especial nos embates que tem travado com o líder do governo sobre a tramitação de alguns projetos. Do que se trata e como a Assembleia tem se posicionado diante da pandemia?

GEORGEO PASSOS: São os projetos que protocolamos desde 2015. Desde então eles não saem das gavetas. Precisamos de uma ação mais proativa do presidente no sentido que paute os projetos que já tiverem os pareceres. Infelizmente a gente não consegue avançar na própria CCJ. É bom dizer que os prejuízos ai não são apenas do deputado estadual Georgeo Passos, mas de toda a sociedade. Só queremos que os projetos sejam pautados e apreciados pelos colegas deputados.

CINFORM ON LINE: Concluindo a entrevista, o governo do Estado já paga a folha dos servidores dentro do mês e o 13º não é mais parcelado. Há uma evolução? Dava para dar algum reajuste ou ainda é cedo para isso?

GEORGEO PASSOS: Isso graças aos recursos que vieram do governo federal. A ação do governo de pagar dentro do mês a folha dos servidores é sim importante. Esperamos que o governo do Estado avance mais, com responsabilidade fiscal, concedendo pelo menos a reposição das perdas inflacionárias. São oito anos com várias categorias sofrendo sem reajuste e sem qualquer recomposição.

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