
“A imprensa tem que parar de defender bandidos”
Por Habacuque Villacorte – Da Equipe Cinform OnLine
Desta vez a equipe do CINFORM ON LINE, conversou com o ex-vereador de Aracaju e policial militar Cabo Amintas. Na oportunidade ele faz uma análise dura e polêmica sobre a operação da polícia do Rio de Janeiro, no morro do Jacarezinho, que resultou nas mortes de 28 traficantes. Amintas condena a postura de alguns veículos de comunicação que insistem em defender bandidos e não enxerga a operação como uma “chacina”, mas sim como uma grande “limpeza”. Ele lamenta, apenas, a morte de um policial no confronto. Confira a seguir, e na íntegra, esta entrevista exclusiva:
CINFORM ONLINE: Iniciando a entrevista, vamos à pergunta que não quer calar: por que alguns setores da imprensa, em determinados momentos, parecem criminalizar a atuação da PM?
CABO AMINTAS: Lamentavelmente boa parte da nossa imprensa presta um verdadeiro desserviço à sociedade quando ao invés de noticiar o lado positivo das coisas, muitas vezes prefere defender bandidos. Talvez, em alguns casos, é porque há a necessidade de ter alguém que venda as drogas, caso contrário não tem consumo. Tem que ter a venda. Muitas vezes o jornalista é o delegado, o promotor de Justiça e o juiz, porque eles prendem, acusam e julgam antecipadamente.
CINFORM ONLINE: Então, o senhor entende que a imprensa, muitas vezes, quer fazer o papel da polícia?
CABO AMINTAS: O que nós temos muito no nosso Brasil são especialistas em Segurança Pública. Agora, quando ouvem os primeiros disparos, logo esses conhecedores logo desaparecem. É lamentável essa postura. Você não vê um jornalista chegar na padaria para dizer como o padeiro deve cuidar do pão; você não vê um jornalista entrar na sala de cirurgia para ensinar o médico a operar; mas você cansa de ver as pessoas querendo ensinar como combater o crime, como fazer segurança pública.
CINFORM ONLINE: Falando especificamente sobre o que ocorreu na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Em sua opinião, ali ocorreu um extermínio ou as mortes eram inevitáveis?
CABO AMINTAS: Toda ação merece uma reação! Não vejo como extermínio ou chacina, mas sim como uma grande limpeza! Você verificou o volume de armas que foi apreendido? Pela quantidade morreu foi pouca gente. A única vida perdida naquele confronto foi a do policial civil. O restante morreu porque era bandido! E se morreu muito bandido, é porque existem muitos deles por lá. A imprensa tem que parar de defender bandidos.
CINFORM ONLINE: Então, no seu entendimento, os bandidos receberam a polícia atirando e assumiram as consequências no confronto?
CABO AMINTAS: O Rio de Janeiro, infelizmente, está dominado pela criminalidade. Isso vem se espalhando por outras regiões do País, como aqui no Nordeste, por exemplo. Se a polícia não reagir de forma drástica, vamos chegar ao caos! A realidade das favelas é de bandidos fortemente armados, tocando o terror, mantendo as comunidades aprisionadas. A polícia vai subir um morro daqueles com flores? Cada um chora a sua morte, perdemos um policial. O restante era tudo lixo! Não se pode ter pena de bandido…
CINFORM ONLINE: Então há um exagero, por parte da imprensa, em criminalizar a ação policial?
CABO AMINTAS: Quando mataram o jornalista Tim Lopes, a imprensa sentiu o corte na própria carne! Ali o Elias Maluco era um bandido perigoso, que não poderia ficar impune. Agora se mata o José, a Maria, alguém simples do bairro, da comunidade, fica por isso mesmo! Infelizmente muitos desses bandidos fazem dos filhos dos moradores de recrutas, soldados do tráfico. É bom que essa operação do RJ sirva de exemplo para todas as polícias do Brasil. A imprensa precisa se conscientizar que, se é ruim com a polícia, certamente ela vai achar muito pior sem a segurança por perto.
CINFORM ONLINE: O crime então está organizado nas favelas e começa a se expandir pelo País inteiro?
CABO AMINTAS: Nas favelas a lei quem faz são os bandidos. Eles fazem seus próprios julgamentos e matam; nem sempre quem morre é traficante também ou é bandido. Mas ninguém quer divulgar, quer fazer matéria contra isso. O que parece dar mais ibope é a polícia matando. Aí logo aparecem os defensores de bandidos. O interessante é que, depois daquela Operação no Jacarezinho, muitos corpos sequer foram identificados, Sabe por que? Porque nem a própria família foi lá reclamar, reconhecer o corpo. É sinal que não farão falta…
CINFORM ONLINE: E aqui em Sergipe, qual a realidade?
CABO AMINTAS: A vantagem de Sergipe são os policiais que nós temos nas ruas. Não fossem eles, estaríamos no caos! Aqui na Bahia, o Comando Vermelho já atua, o Bonde do Maluco, e outras facções perigosas. Converso muito com policiais de lá. Aqui em Sergipe eles sabem que só voltam pra lá deitados! Aqui eles querem reagir e todos sabem que no nosso Estado bandido não se cria. Se a gente tivesse um pingo de apoio do governo, eu acho que a realidade seria muito melhor. Trabalhei em batalhões da radiopatrulha e muitos estão abandonados. Tínhamos 11, 12 viaturas nas ruas; hoje temos três ou quatro. Os policiais dão sangue e não são valorizados. Mesmo assim eles
não deixam de ir para as ruas para garantir a segurança da sociedade. Infelizmente falta a valorização.
CINFORM ONLINE: Concluindo a entrevista, para quem tem pena de bandido, que mensagem o senhor deixa nessa entrevista?
CABO AMINTAS: Leve pra casa, para conviver com sua mulher, com sua filha. Não tem um que se salve! Não vejo esses defensores de bandidos irem na porta do presídio para dar abrigo a um assassino, estuprador. Ou então vá morar no presídio! Para bandido só tem um caminho: o inferno! Ninguém ressocializa ninguém nesse País. Em Sergipe o bandido vai para a cadeia para ficar mais perigoso. Eu não acredito em ressocialização. Até porque o Estado não promove nada! O cara entra por roubar uma galinha e sai querendo roubar um banco. O sistema é falho e uma coisa que eu acho atenção nos presídios: quando eles estão em silêncio é porque coisas erradas estão ocorrendo lá dentro. Você só vê rebeliões quando a fiscalização é mais rígida.