Os discursos, as músicas preferidas, as lágrimas incontidas, as lembranças relatadas pelas autoridades, os aplausos e o povo formando filas quilométricas na Praça Fausto Cardoso para entrar no Palácio-Museu Olímpio Campos marcaram a solenidade de despedida do ex-governador João Alves Filho (DEM), na tarde desta segunda-feira, 30. João morreu na última quinta-feira, 26, no Hospital Sirio Libanês, em Brasília. O corpo foi cremado e as cinzas foram trazidas a Sergipe pela esposa, a senador Maria do Carmo Nascimento Alves (DEM) e os filhos Cristina, Ana Maria e João Neto.
A urna com as cinzas chegou no carro do Corpo de Bombeiros e foi entregue à Guarda de Honra da Polícia Militar. Após as honras militares, a cantora Amorosa cantou o Hino Nacional. A primeira autoridade a discursar, foi José Carlos Machado, amigo pessoal de João.
“Você não consegue andar muito em Aracaju sem passar numa avenida construída por João”, afirma lembrando as ações do ex-governador de Sergipe no combate à seca.
Apoio aos jovens
O prefeito de Salvador (BA), Antônio Carlos Magalhães Neto, relembrou os depoimentos que ouvia do avô Antônio Carlos Magalhães sobre João Alves Filho.
“Desde cedo pude acompanhar a vida pública do ex-governador João Alves Filho porque dentro de casa eu ouvia as palavras de carinho e apreço que meu avô sempre dirigia a ele. Depois, já iniciando a caminhada no nosso partido, uma das principais pessoas que deram apoio ao movimento de jovens do PFL, foi exatamente João Alves, que sempre me ensinou muito e serviu de referência para a minha geração. Senadora, eu sei que hoje o sentimento é de tristeza e saudade, mas acima de tudo o povo sergipano e os brasileiros que conheciam João têm a oportunidade de homenageá-lo. A gente viu o carinho e a emoção das pessoas no trajeto do aeroporto até aqui”, destaca.
Visivelmente abalada, a delegada Georlize Teles, que foi secretária de Segurança Pública no Governo de João disse que por tudo que viveu com João Alves Filho, o momento é de muita dor.
“Dr. João foi acima de tudo um estadista. Foi um homem que amou mais Sergipe e Aracaju do que a ele próprio. Quem viveu ao lado de Dr. João como eu vivi, teve a honra de viver ao lado de um homem que deu sua vida por esse estado, então eu tenho muito orgulho de ter aprendido. Sou muito grata a Dr. João, que me viu lá no meio da multidão e disse: ‘essa menina pode fazer, pode me ajudar’. Eu tenho certeza que está nos braços do pai, porque era um homem religioso, que fé movia e vontade de fazer o levava a caminhar”, observa.
Carlos Eloy foi secretário de Esportes na gestão de João Alves Filho como prefeito de Aracaju. Também muito emocionado ele, demonstrou muita tristeza durante a cerimônia. “É um momento de muita dor, essa despedida de Dr. João, que tanto fez por esse estado. Eu conheci o João político e o ser humano. É um dia de luto para a política sergipana, luto para o Nordeste e luto para o Brasil. Que as novas gerações possam se espelhar em Dr. João que foi governador três vezes, prefeito de Aracaju. Hoje é um dai que ficará marcado na História de Sergipe.
Nelson Felipe trabalhou na gestão de João Alves, na Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), de Aracaju. “Aonde você andar nos 75 municípios sergipanos, basta olhar para os lados que vai ver uma obra de João Alves Filho, ou seja, as grandes belezas de Sergipe foram construídas por João Alves, não há nenhuma dúvida, então, se o cortejo fosse passar por todos os lugares que têm obras de João, passaríamos três dias porque ele foi o grande construtor desse estado”, enfatiza.
O ex-governador Albano Franco afirmou destacou a tristeza e o luto para Sergipe, para o Nordeste e para o Brasil. “E eu perco um dos melhores amigos que convivi nos últimos anos. João Alves Filho foi meu colega no ginásio, no Colégio Jackson de Figueiredo. Tivemos algumas divergências políticas mas não atrapalhou o nosso relacionamento. Ele foi eleito governador e eu senador na mesma chapa, por indicação do Dr. Augusto Franco e ele foi o governador mais bem votado do Brasil”, relembra.
O senador Alessandro Vieira (CIDADANIA), disse que João Alves Filho foi a maior liderança do estado de Sergipe. “Eu cheguei em 1984 em Sergipe e era o Governo de João. A mudança que a gente viu o estado passar para melhor, é muito clara a ação de João. Um sonhador que conseguia que conseguia transformar em realidade os seus sonhos. Deixa um vazio, mas em todo lugar que você andar por Sergipe vai ter uma lembrança positiva de João Alves”, entende.
Sem conseguir conter as lágrimas, a sobrinha de João Alves Filho, Paloma Alves afirmou que o tinha como o segundo pai. “Eu tenho uma gratidão e uma admiração muito grande por ele. Era meu segundo pai e me chamava de minha sertaneja (choro). Estou sem acreditar, mas pode ter certeza que ele está feliz porque ele veio para a terra com a missão de ajudar ao próximo e cumpriu”, complementa.
As solenidades foram encerradas na noite desta segunda-feira, 30 na Igreja Nossa Senhora Rainha do Mundo, no Conjunto Médici.
A urna chegou no carro do Corpo de Bombeiros rodeada de várias coroas de flores e da imagem de Nossa Senhora da Conceição (santa devota de Dr. João) sob o aplauso da população que se enfileirou na porta da igreja.
A missa foi celebrada pelo arcebispo de Aracaju, Dom João José da Costa, tendo como co-celebrantes os padres Vaterwan Correia Cruz, Marcelo Conceição, José Lima Santana e Adeilson Carlos Santana Santos.
Familiares, autoridades, amigos e simpatizantes do ex-governador de Sergipe, ex-ministro do Interior e ex-prefeito de Aracaju, acompanharam a celebração.
O padre José Lima Santana contou que teve a felicidade e a honra de trabalhar com João, nos três governos dele.
“Dr. João jamais pediu a nenhum secretário, a nenhum auxiliar seu que fizesse alguma reprovável legal ou moralmente. É um homem para Sergipe não esquecer, por tudo aquilo que ele fez no estado e na capital como prefeito. Tinha um coração generoso. Que Deus possa recolhê-lo na sua Santa Glória e que os sergipanos nunca esqueçam quem foi João Alves Filho”, observa.
Ao final, a urna com as cinzas do ex-governador foi entregue à família. João Alves Filho (DEM) morreu aos 79 anos, no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, onde estava internado após ter sofrido uma parada cardíaca em seu apartamento.
Ele sofria de Alzheimer e contraiu a Covid-19, o que fez com que a família optasse pela cremação do corpo em Goiás.
Casado com a senadora Maria do Carmo Nascimento Alves, deixa as filhas Maria Cristina, Ana Alves e o filho João Alves Neto, além dos netos Danilo, Alice Maria, Nina Rosa e Maria de Lourdes.