Flávio Conceição supera o passado e promete uma gestão pedagógica e harmônica com os poderes

 

Por Habacuque Villacorte, da Equipe Cinform OnLine

O entrevistado desta semana é o novo presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Flávio Conceição, que foi empossado na última sexta-feira (10), em solenidade bastante concorrida no pleno da Corte. Eleito pela maioria do Colegiado, Flávio comandará o TCE no biênio 2022/2023. Nesta entrevista concedida para o CINFORM ONLINE, ele fala de suas principais metas para a gestão, destaca a relação harmoniosa que pretende manter com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, como também de promover um trabalho fiscalizador sim, mas bastante pedagógico junto aos jurisdicionados, na capital e, principalmente, no interior do Estado. Confira a seguir e na íntegra esta entrevista exclusiva:

CINFORM ONLINE: Iniciando a entrevista, vamos à pergunta que não quer calar: o senhor venceu a eleição para a presidência do TCE por 5×2, mas ainda assim há quem diga que não seria a sua vez. Procede ou não?

FLÁVIO CONCEIÇÃO: Sou um democrata, tenho espírito republicano e costumo respeitar a opinião de todos e a liberdade de expressão. Agora, se estou eleito e empossado presidente do TCE, é sinal que toda a tramitação, desde a minha candidatura até a vitória pela maioria do Colegiado se deu porque havia legalidade. O regimento interno do Tribunal de Contas é claro quando ele valoriza e reconhecer a “antiguidade”. Não quero ficar remoendo isso, é assunto superado e o meu foco agora é me concentrar para buscar a melhor gestão possível a frente da Corte.

E quanto a tudo o aconteceu no passado? As investigações, os ataques a seu nome. É um assunto que pode interferir na sua gestão?

FLÁVIO CONCEIÇÃO: Mantenho o que disse em meu discurso de posse: Não vou gerir o Tribunal de Contas olhando para o passado; mas com os olhos fitos no futuro. Sobre o passado, o tempo me absolveu, caminhei lado a lado com o bom Direito. Tenho consciência que será dois anos desafiadores e cheios de perspectivas. Estamos diante de um momento importante quando a nossa sociedade vai saindo de um período e traumático período pandêmico para a retomada da economia. E instituições públicas como o TCE precisam ter a sensibilidade necessária para atuar e ser eficiente durante esta transição.

 Mas por que o senhor ficou tanto tempo em silêncio? Já que tinha o Direito do seu lado, por que evitava manifestações públicas?

FLÁVIO CONCEIÇÃO: Me permita, mas tenho que trazer outra citação de meu discurso de posse, quando registrei o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano. Ele ensina que: “a primeira condição para modificar a realidade é conhecê-la”. Mais adiante, Galeano acrescenta: “quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar”. Assim o fiz. Silenciei. O tempo passou a ser minha maior companhia, minha rotina diária. Compreendi e comecei a mudar a realidade conhecendo-a, sentindo-a e fiz do silêncio, minha sabedoria. Nunca foi pelo Poder ou prestígio social. Lutei e cheguei até aqui por dignidade, pela preservação de minha honra! E se venci, tenho a compreensão que caminhei lado a lado com o bom Direito e que minha luta jamais foi em vão.

 Voltando a falar de sua gestão, o senhor falou do período difícil que estamos atravessando, ainda sob os efeitos da pandemia, e do futuro desafiador. Como o TCE poderá atuar e ajudar?

FLÁVIO CONCEIÇÃO: Tenho a meu lado pessoas que estão empenhadas em fazer a melhor gestão possível. Todos nós queremos e sonhamos em surpreender a sociedade.  Os problemas estão postos nesta pandemia: fome, desemprego, temos que incentivar a vacinação, sem deixar, evidentemente de proteger e fortalecer a nossa instituição. O Tribunal de Contas estará atento a todos os aspectos, a todos os temas que interessam a nossa sociedade. Minha intenção é trabalhar em sintonia com o povo, fiscalizando e corrigindo quaisquer anomalias detectadas, mas sendo um parceiro e contribuindo para capacitar não apenas nosso corpo técnico, mas também os jurisdicionados.

Então o senhor pretende promover uma gestão mais “pedagógica” a frente do TCE?

FLÁVIO CONCEIÇÃO: Este é o nosso compromisso! Temos 75 municípios e o próprio Estado de Sergipe que devem ser fiscalizados, mas não precisamos manter uma relação de conflito entre os jurisdicionados e o TCE. Nossa preocupação não é apenas com credibilidade e controle social, mas em ser mais pedagógico sim, em fazer com que o Tribunal esteja cada vez mais em sintonia com os problemas enfrentados pela nossa população. Também respeitando a independência de cada um dos Poderes, vamos estabelecer uma relação harmônica com o Executivo, Judiciário e o Legislativo. São desafios enormes e nós precisamos caminhar de mãos dadas.

E como pretende manter sua relação com os demais conselheiros, agora na presidência do Tribunal de Contas?

FLÁVIO CONCEIÇÃO: O que difere a minha atuação dos demais é que, durante os próximos dois anos estarei à frente da presidência da Corte e irei exercer dentro de todas as prerrogativas do cargo. Mas todos os conselheiros são iguais, são autônomos e eu conto com o apoio de todos eles. Como engenheiro civil, seguirei de maneira cartesiana os compromissos firmados com o nosso Colegiado e a minha intenção é preservar a estabilidade da instituição. Vamos cumprir aquilo que determina a Constituição Federal, respeitando o Estado Democrático de Direito. Feito isso, estaremos contemplando o povo sergipano.

Qual a sua avaliação sobre a gestão do ainda presidente Luiz Augusto Ribeiro? Como pretende fazer a transição?

FLÁVIO CONCEIÇÃO: Vamos fazer a transição da forma mais pacífica possível. O amigo e conselheiro Luiz Augusto Ribeiro exerceu um trabalho exitoso durante sua gestão e buscarei dar continuidade, preservando os mais de 50 anos de história da nossa Corte. Queremos um TCE cada vez mais efetivo, transparente e célere! E o Conselheiro Luiz Augusto teve a árdua missão de gerir a nossa Casa em um período pandêmico, algo que aumentou consideravelmente seu desafio e sua responsabilidade, mas cumpriu bem a sua missão.

CINFORM ON LINE: Finalizando a entrevista, dentre as metas estabelecidas para a sua gestão, qual delas o senhor gostaria de destacar?

FLÁVIO CONCEIÇÃO: Estou determinado em gerir um Tribunal de Contas com maior participação popular, de portas abertas para a sociedade, valorizando a nossa capital, mas se fazendo presente e atuante, bastante pedagógico, percorrendo o interior do nosso Estado, auxiliando, orientando, capacitando os jurisdicionados.

 

 

 

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