
Ex-presidente Lula concedeu entrevista à imprensa de Aracaju, em Sergipe, nesta quinta-feira (13/10), antes de fazer uma caminhada pela cidade
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que a “prioridade zero” de seu governo, caso eleito, será o combate à fome. Para isso, o petista explicou que planeja uma série de medidas econômicas, como renegociar a dívida de parcela considerável da população e criar novos empregos. O candidato esteve em Aracaju, Sergipe, onde conversou com a imprensa antes de fazer uma caminhada pela cidade em uma caminhonete aberta, na manhã desta quinta-feira (13/10).
“A prioridade máxima chega a ser prioridade zero de tão rápido que é combater a fome. Não tem explicação científica, econômica, para o terceiro maior produtor de alimento do mundo, do primeiro maior produtor de proteína animal do mundo, não ter comida suficiente”, respondeu o ex-presidente após ser questionado sobre qual será a prioridade de seu possível governo.
Emprego e salário mínimo
“Nós temos que colocar em prática um conjunto de políticas. Uma delas é gerar emprego imediatamente. Renegociar a dívida de 80 milhões de pessoas nesse país. Nós temos praticamente 80% das pessoas endividadas, com uma dívida de no máximo R$ 4 mil, e que as pessoas não podem pagar mais”, acrescentou Lula. A proposta é um dos carros-chefe de Ciro Gomes (PDT), que disputou a Presidência da República no primeiro turno.
O candidato prometeu ainda que aumentará o salário mínimo acima da inflação todos os anos, e disse não ver sentido no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se o aumento não for repassado à população. Ele também criticou a gestão de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, nesse ponto. “Faz quatro anos que o salário mínimo não é reajustado. Até a merenda escolar, R$ 0,36 é a parte que toca ao governo federal. O que dá para comer com R$ 0,36? Essa desumanidade é quem nós queremos que deixe o cargo para que os brasileiros assumam a Presidência da República”, pontuou.
Questionado sobre como será sua relação com governadores e parlamentares conservadores recém-eleitos, o presidenciável disse que a relação não é de amigos, mas, sim, entre entes federados. “A gente não pergunta nunca de que partido é o governo. Isso não é uma pergunta que o presidente da República faz. Ele pergunta se o problema existe, ele precisa governar para o povo, e não para o governador”, respondeu, completando que ainda não conhece os 44% de parlamentares que entraram agora no Congresso Nacional, citando a taxa de renovação nas eleições deste ano.
Em seu discurso à imprensa, Lula citou a construção, em Sergipe, de 164 mil postos de trabalho com carteira assinada, 30 mil moradias no Minha Casa, Minha Vida, 14 mil cisternas, além de um investimento total de R$ 731 bilhões na região Nordeste.
O petista aproveitou para criticar a transformação do programa Bolsa Família em Auxílio Brasil pela atual gestão. “Não era um programa só de dar recurso. Tinha como objetivo obrigar que as crianças permanecessem na escola. A mãe era obrigada a dar todas as vacinas que as crianças têm o direito de tomar. A própria mãe era obrigada a fazer o pré-natal. Era um programa que fazia as pessoas terem compromisso com elas próprias”, disse o ex-presidente.
Correio Braziliense