
A segunda onda da Covid-19 no Brasil tem provocado a superlotação dos leitos de UTI nos hospitais públicos e privados, inclusive aqui em Sergipe, e tem feito aumentar, na mesma proporção, o consumo de medicamentos e insumos. Já acendeu uma luz de alerta em Aracaju para o chamado ‘kit intubação’, que são neurobloqueadores utilizados na sedação de pacientes graves com Covid-19. A oferta de oxigênio também está em escassez, ambos provocados pelo número elevado de internações hospitalares. A falta de alguns medicamentos que compõem o ‘kit intubação’, como o roncurônio, acendeu uma luz de alerta em toda a classe médica do Estado, mediante um cenário que é desanimador em todo o país. O Brasil todo vem olhando para um cenário próximo do desabastecimento. Todos os serviços, tanto na área pública como na privada, aumentaram o consumo de medicações para pacientes graves. São medicamentos que servem para relaxar a musculatura e manter o paciente sob ventilação mecânica. O Cinform on line vem acompanhando o caso de um paciente de 43 anos internado no Hospital da Unimed, em Aracaju. Ele estava há duas semanas aguardando vaga de UTI para pacientes com Covid-19. O quadro de saúde se agravou e ele foi intubado. Desesperados, alguns familiares buscaram ajuda para adquirir o medicamento cisatracúrio, após serem comunicados sobre a falta do neuro-bloqueador roncurônio. O paciente encontra-se, neste momento, estável.
Procurado pela reportagem, o diretor de Negócios Corporativos da Unimed, Márcio Barretto, confirmou que alguns medicamentos já começam a faltar. “Essa medicação não é a única, nessa categoria existem várias outras. A situação em Aracaju é que existe uma importante escassez. Muitas vezes não falta o grupo de neuro-bloqueadores, então você não tem o roncurônio, mas tem outros. E mesmo que faltem todos os neuro-bloqueadores, existem outras medicações que podem ser adaptadas e levam ao mesmo efeito”, pontuou. Márcio Barretto também alertou para o aumento abusivo no preço desses medicamentos e chamou a atenção para a escassez de oxigênio. “Um medicamento que o hospital pagava R$ 5, hoje pagamos R$ 300. Isso não é impeditivo para nenhum serviço ofertar o cuidado, mas onera. Muitas vezes a gente olha só para as medicações, mas existe uma restrição também para o oxigênio. Em Aracaju, eu não ouvi em nenhum hospital ou operadora sinalizar que não tem mais oxigênio, mas sabemos que pode faltar”, alertou.
HUSE
No Hospital Governador João Alves Filho (Huse), a situação é similar. Com 38 leitos exclusivos para Covid-19 e uma taxa de ocupação de 92,1%, o consumo de medicamentos está no limite. O superintendente da unidade, Dr Walter Pinheiro, informou que a demanda por esses insumos é um problema nacional. “Aqui não está sendo diferente. Temos em estoque e renovamos os pedidos a cada 15 dias. No momento, estamos com o estoque completo. O que nós estamos procurando adotar é o uso racional desses insumos, para administrar a escassez da melhor forma. É mais um fator que preocupa nesse momento”, disse.
SES
Em nota enviada pela Assessoria de Comunicação, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclareceu que, neste momento, não há risco de desabastecimento de insumos na rede pública estadual para pacientes atendidos pelo SUS. Em relação aos medicamentos, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) vem fazendo interlocução com o Ministério da Saúde (MS) para que seja mais efetivo nas ações de ajuda aos Estados para que não haja falta de suprimento para a rede de atendimento.
“Por causa do aumento de casos de infectados pela Covid-19 e, consequentemente, aumento da demanda por medicamentos em todo país, a Central de Abastecimento de Insumos e Medicamentos (Cadim) de Sergipe vem fortalecendo suas estratégias para garantir o abastecimento regular da rede pública e minimizar os efeitos de uma possível falta temporária de determinados produtos já que a crise sanitária atinge todo o Brasil.” disse a nota. A Secretaria disse que tem feito todos os procedimentos para a realização de compras públicas, mas esbarra na insuficiência no mercado de alguns itens essenciais para o tratamento de pacientes internados, tanto em leitos clínicos como nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) da rede pública de saúde.
Por André Carvalho