Em meio às ruas históricas de Laranjeiras, cidade reconhecida como a capital negra de Sergipe e lar da maior comunidade quilombola do estado, destaca-se um imponente sobrado do século XIX. O edifício, que já testemunhou importantes capítulos da história sergipana, hoje acolhe o Museu Afro-Brasileiro de Sergipe (Mabs), dedicado à preservação e celebração da rica herança cultural afro-brasileira. Inaugurado em 1976, o pedaço foi idealizado pelo Governo de Sergipe e está sob a administração da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), reafirmando o compromisso com a valorização da memória e identidade negra.

A criação do Museu foi inspirada pelo I Encontro Cultural de Laranjeiras, evento que promove até hoje a aproximação entre a cultura erudita e popular. Desde então, o museu se consolidou como um ponto de valorização da cultura negra, preservando aspectos fundamentais das influências e lutas dos afrodescendentes, especialmente em Sergipe.

O professor e secretário adjunto de Igualdade Racial de Laranjeiras, Gabriel Lourenço, destaca as contribuições do povo negro e sua importância para a cultura e identidade sergipanas. “O museu mostra a valorização, a identidade, a ancestralidade, o aculturamento de um povo que fez história e é história, que é o povo negro, que é a nossa negritude, a nossa resistência. Então, essa vivência é a importância do museu, é a importância da identidade de um povo que sofreu, um povo que foi importante para a nossa cultura alimentar, a nossa cultura da dança, a nossa cultura do falar, a nossa cultura do vestir, a nossa cultura em dizer: somos afro-brasileiros, somos a identidade negra, somos resistência”, afirma.

 Acervo histórico

O acervo do museu reúne uma coleção diversa que resgata a história e a identidade afrodescendente. São peças que incluem vestimentas, utensílios domésticos e ferramentas usadas no período da escravidão, além de instrumentos musicais como tambores e berimbaus.

O espaço também conta com exposições fixas no primeiro andar, que destacam a religiosidade afro-brasileira laranjeirense. Elas incluem instrumentos e fotografias de líderes religiosos, além de elementos que representam os Orixás, como símbolos, indumentárias, informações sobre cores, saudações e domínios. Com a reabertura, foi inaugurada a exposição ‘Um olhar sobre a performance da capoeira’, do artista Wécio Grilo, com obras que exploram os movimentos corporais da capoeira e a ligação com histórias de resistência e resiliência da população negra.

Reabertura

Após um período de um ano e dois meses fechado para manutenções e adequações na estrutura, o espaço retomou as atividades este ano, de forma simbólica, no Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. O secretário executivo de Cultura e Turismo de Laranjeiras, Leomax Célio, descreve esse momento como histórico. Primeira vez que tivemos um feriado nacional nesta data, que nos faz refletir tanto sobre essa temática. Para nós, laranjeirenses, a reabertura do Museu Afro-Brasileiro de Sergipe é de extrema importância, pois é um espaço pelo qual as pessoas têm um carinho muito grande, e ele desempenha um papel pedagógico na comunidade, desmistificando preconceitos estabelecidos pela sociedade”, disse.

A coordenadora dos Equipamentos Culturais da Funcap, Célia Carvalho, também enfatiza o papel do museu na memória de Laranjeiras, além do grande fluxo de visitantes desde a reabertura. “Aqui é um espaço que conta a cultura e a história do povo sergipano, do povo laranjeirense, do povo negro, que precisa ser valorizada, conhecida e respeitada. O Governo do Estado reconheceu a necessidade de devolver o museu e abrir novamente as portas, não só para a população, mas também para turistas e outras pessoas. Na semana passada, recebemos professores da Espanha para uma visita. Devolve-se esse lugar de fala que é tão importante, e o estado volta ao cenário nacional de turismo e cultura, abrindo portas para o crescimento econômico da cidade”, afirma.

Visitas guiadas

O Museu Afro-Brasileiro de Sergipe transcende seu papel como repositório histórico. As atividades educativas realizadas no espaço conscientizam os visitantes sobre a importância da cultura afrodescendente por meio de visitas guiadas, palestras e oficinas. Estudantes de todo o estado têm conhecido mais de perto a história sergipana, vivenciando na prática o que aprendem em sala de aula. O professor Gabriel Lourenço enfatiza que o museu é peça chave para a educação. “Nós, professores, somos fazedores de conhecimento. Precisamos moldar o que nossos alunos precisam neste momento. Com o museu saímos das quatro paredes da sala de aula e levamos os alunos a essa vivência. Ele não é apenas um ponto turístico, mas um espaço de ensino e resistência”, pontua.

Funcionamento 

O Museu está aberto para visitação de terça a sexta-feira, das 8h às 12h. Visitas em grupo podem ser agendadas pelo WhatsApp (79) 99947-6884.

Fonte, Secom – Estado.

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