Pra muitas pessoas, os sintomas da Covid-19 vão muito além dos 14 dias de isolamento. Muitos persistem por 30 dias e até seis meses. É comum as pessoas adquirirem sequelas relacionadas ao período de longa internação na UTI, como desnutrição, perda de força muscular e dificuldades para respirar, o que prolonga o tratamento da doença mesmo fora do hospital. Mesmo àquelas pessoas que não chegaram a serem internadas, acabam convivendo por muito tempo com as sequelas pós Covid-19.

O autônomo Fábio da Silva Costa, de 45 anos, passou 95 dias hospitalizado, sendo 87 dias na UTI do Hospital de Cirurgia. No princípio, ele teve tosse, febre e fadiga. A partir do décimo dia, os sintomas começaram a ficar mais graves e ele precisou se internar. Foi feita uma primeira tomografia, que detectou 25% dos pulmões comprometidos. Um novo exame foi realizado e os pulmões já estavam com 50% de comprometimento. Fábio precisou ser intubado e em seguida traqueostomizado.

Fábio ainda faz fisioterapia

Por ter ficado mais de 60 dias intubado, o autônomo acabou ficando totalmente imóvel, foi quando iniciou a fisioterapia ainda no hospital. “Dei início ao tratamento e, quando fui para casa, dei continuidade. A sensação de sair do hospital foi indescritível, mas ainda estava com poucos movimentos e precisei utilizar oxigênio durante mais de um mês. Já voltei os meus movimentos, mas ainda faço fisioterapia, porque não consigo caminhar totalmente livre. Deus me deu uma segunda chance, uma nova vida”, disse Fábio.

Segundo o médico infectologista e diretor de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Dr Marco Aurélio Góes, os pacientes internados perdem muito peso e força muscular devido à utilização dos medicamentos relaxantes musculares, precisando, após a alta hospitalar, continuar um tratamento com fisioterapia. “Existem também as sequelas respiratórias, porque as pessoas ficam durante muito tempo sob ventilação mecânica, com uso do tubo orotraqueal, isso traz complicações respiratórias, necessitando continuar um tratamento e até o uso de medicamentos, além de casos que surgem miocardites e até tromboembolismo, que pode levar a problemas cerebrais como o Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, explica.

Dr Marco Aurélio

Dr Marco Aurélio ressalta que nas pessoas hospitalizadas podem ocorrer outras complicações infecciosas, como a mucormicose, que é uma doença fúngica, conhecida como “fungo negro”, que se tornou uma infecção oportunista em pessoas que tiveram Covid-19. “Esse fungo se aproveitou da fragilidade do pulmão e acabou causando doenças relatadas em todo o país. Outra complicação são os quadros de ansiedade e depressão, pelo medo e experiência de ter tido um quadro mais grave e o risco de morte, então essas pessoas vão precisar de um acompanhamento”, observa.

Perda de peso

O analista financeiro Jorge Lucas dos santos Costa, de 24 anos, passou 19 dias internado, sendo nove deles intubado. No Hospital de Carmópolis, ele fez o teste e com quatro dias saiu o resultado positivo para Covid-19. Ele retornou ao hospital e, após a realização de um Raio X, de imediato o médico passou um antibiótico, mas os sintomas logo começaram a aparecer, como dor de cabeça, sudorese, falta de apetite e náuseas. Ele ficou internado e posteriormente foi transferido para o Hospital da Polícia Militar (HPM).

Jorge Lucas perdeu 16 quilos

A principal sequela adquirida por Jorge Lucas foi a perda de peso, ao todo 16 quilos. “Assim que eu saí do hospital, acabei perdendo um pouco a mobilidade, devido a ter ficado muito tempo deitado. Comecei a fazer muita fisioterapia ainda no hospital. Em casa fiz muitos exercícios físicos, alongamento, mudei minha alimentação, fiz fisioterapia para fortalecer os músculos, para eu poder voltar a postura correta. Foram cerca de 15 dias de tratamento para voltar a caminhar normalmente”, comenta.

Sintomas persistentes

A turismóloga Raquel Melo de Azevedo ainda sente os efeitos da doença. Os primeiros sintomas deram início no dia 14 de maio. De lá pra cá, foram várias idas e vindas ao atendimento de urgência, cinco vezes no total. “Os sintomas começaram com um quadro de dores no corpo, especialmente na região lombar, calafrios, tremores e febre. Três dias depois evoluiu para tosse seca, dores de cabeça, fortes náuseas sem vômito, diarréia, perda do olfato e paladar. Apesar de todos esses sintomas, todas as vezes que passava pela triagem a saturação estava normal. Era atendida, e medicada e voltava pra casa”, relata.

Ela comenta que fez o teste Rt-PCR no dia 17 de maio, três dias após o surgimento dos primeiros sintomas, fiquei em isolamento até o dia 31 de maio, quando precisou buscar o atendimento de urgência pela segunda vez, já que não apresentava melhoras. “Foi quando o médico solicitou uma tomografia dos pulmões, e foi identificado uma alteração, estava com um quadro de pneumonia e um comprometimento de mais ou menos 25%. A medicação foi trocada, e fiz o tratamento medicamentoso em casa, a partir daí começou o meu tratamento para tratar as sequelas deixadas pelo vírus em meu organismo, pois do Covid-19 já estava curada”, disse.

Raquel Melo fará 10 sessões de a fisioterapia

Um mês após ter recebido o diagnóstico da doença, Raquel ainda enfrenta as sequelas deixadas em seu organismo. “Na semana passada, o tratamento com antiflamatórios e antibióticos haviam terminado, porém ainda persistia a tosse, cansaço, muita fraqueza e falta de disposição. Continuo com uma tosse insuportável, com secreção, a garganta voltou a inflamar e apareceram manchas arroxeadas nas pernas, além de ainda me sentir com cansaço quando me esforço. Iniciei a fisioterapia respiratória essa semana, farei 10 sessões inicialmente”, finaliza.

Orientações

Dr Marco Aurélio orienta que as pessoas que tiveram a doença e estejam com manifestações pós Covid-19, que sejam vacinadas e que essa vacinação só ocorra 30 dias após a doença. “Se a pessoa já tomou a primeira dose e adoeceu, é importante que espere mais 30 dias para tomar a segunda dose do imunizante”, disse o infectologista, ao comentar que a pessoa deve procurar um serviço de saúde para ser avaliado por um médico, caso os sintomas persistam, iniciando uma investigação para identificar o que está acontecendo, se há necessidade de medicamento ou apenas fisioterapia.

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