“Há muita lentidão em alguns municípios sergipanos”

 

Por Habacuque Villacorte – Da Equipe Cinform On Line

 

Desta vez a equipe do CINFORM ONLINE, com exclusividade, conversou com a deputada estadual e enfermeira Goretti Reis (PSD), que faz um “apanhado” sobre a luta do Brasil e de Sergipe pela compra de vacinas e sobre a necessidade de imunizar em massa. Como membro da Comissão Nacional de Acompanhamento da Vacinação (Conav/Unale), criada pela União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais – Unale, a parlamentar tem participado de discussões e audiências virtuais importantes para o País inteiro, inclusive mantendo contato direto com as Embaixadas de outros países, como a da China, por exemplo. Goretti é autora da Lei 34/2021 que pune os “fura-filas” das vacinas contra a COVID-19. Confira a seguir, e na íntegra, esta entrevista exclusiva:

 

Iniciando a entrevista, é sabido por todos que a senhora é membro da Comissão Nacional de Acompanhamento da Vacinação (Conav/Unale). Para que a sociedade tenha conhecimento, por que este desafio é tão importante para sua trajetória política?

GORETTI REIS: Ninguém imaginava que iríamos atravessar tempos tão difíceis, como nos dias atuais. Infelizmente a COVID-19 é uma triste realidade com que nos deparamos e temos que combater. A melhor forma de fazermos isso é buscar meios para vacinar o maior número de pessoas possível. Diante da lentidão desse processo no Brasil, a Unale instituiu essa Comissão que muito me honra fazer parte, representando não apenas o povo sergipano, mas toda a população brasileira. O objetivo da Comissão é acompanhar e fiscalizar a distribuição e aplicação da vacina contra a Covid-19 nos estados, e é isso que estamos fazendo.

 

Mas, na prática, o que senhora tem feito nesta Comissão?

GORETTI REIS: Na sexta-feira (9), por exemplo, participei de uma reunião com a embaixaa da China, representada pelo ministro membro da Comissão Nacional de Acompanhamento da Vacinação (Conav/Unale), conselheiro Qu Yuhui. Todos nós

temos consciência sobre a importância da China dentro do processo econômico do Brasil e a dependência de diversas matérias primas vindas de seu País. Estamos buscando agilizar a vacinação no Brasil e o ministro nos informou que muitos produtores como a Índia e os EUA estão restringindo a exportação dos imunizantes. Falamos também sobre o primeiro contrato entre a Sinovac e o Butantan, que envolve 46 milhões de doses, já entregues e a serem distribuídas até o final de abril. Esse é apenas um exemplo do nosso trabalho à frente da Comissão.

 

Mas, essa semana, criou-se uma nova tensão sobre o atraso na produção de vacinas pelo Butantan. O que ocorreu?

GORETTI REIS: O ministro nos explicou que o atraso de insumos que fez com que o laboratório brasileiro suspendesse a produção da Coronavac se deve a questões técnicas mundiais e não políticas, mas deve ser sanado em breve. Além disso, este segundo contrato, deve ter um quantitativo ainda maior de imunizantes, a ser divulgado pelo Instituto nos próximos dias. Nós também questionamos sobre a possibilidade de a China vender os imunizantes diretamente para os estados, sem intermediários. Qu Yuhui informou que os três laboratórios chineses com vacinas já aprovadas e em uso contra a Covid-19 − Sinopharm, Sinovac em parceria com o Instituto Butantan e CanSino, aplicada em militares – possuem interesse em estabelecer contrato com os governos estaduais, mas há implicações técnicas de capacidade produtiva que os impedem no momento. Estão enfrentando um problema mundial para o fornecimento de imunizantes e insumos, motivo do atraso com o Butantan, e que recebem diversos pedidos. Afirmou existir a vontade de fornecer, mas primeiro precisam cumprir com os contratos já firmados.

 

E quanto à vacina Sputnik V? O que está atrapalhando a liberação dela para chegar ao Brasil?

GORETTI REIS: Essa semana participei de uma reunião virtual com a participação do presidente da União Química, Rogério Rosso, para tratar sobre a produção do imunizante Sputnik V no Brasil. Queremos o uso emergencial liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o quanto antes. O problema é que todos os requisitos preestabelecidos levam um certo tempo para que sejam verificados. E neste momento de saturação do sistema de saúde, público e privado, o que não temos é tempo. Esse imunizante já vem sendo utilizado em 58 países, ou seja, ele tem eficácia comprovada. Acho que é preciso diminuir o processo burocrático diante da necessidade de uso emergencial.

 

Recentemente a senhora conseguiu aprovar uma lei na Assembleia sobre os “fura-filas” na vacinação contra a COVID. Qual era a sua intenção?

GORETTI REIS: A lei disciplina penalidades para quem desrespeitar a ordem de vacinação para grupos prioritários de acordo com a fase cronológica definida pelo Ministério da Saúde. As multas serão aplicadas ao agente público, responsável pela aplicação da vacina, aos seus superiores, caso comprovada a ordem ou consentimento à pessoa imunizada ou seu representante legal. Cabe ao poder público adotar medidas repressivas previstas nesta lei, por meio de processo administrativo que comprovando a infração do agente público, aplicará multa de 50 (cinquenta) Unidade Fiscal Padrão do Estado de Sergipe – UFP/SE. Para os imunizados serão 80 (oitenta) UFP/SE, e se for agente público esse valor será dobrado. Em síntese, o objetivo é evitar que os ‘furas filas’ continuem recebendo essas vacinas.

 

Mas a senhora apresentou este projeto por algum caso específico de “fura-fila” em Sergipe?

GORETTI REIS: O problema atinge diversos estados que ganharam repercussão nacional por causa dessa infração. Além do fura-fila temos a ‘vacina vento’ e em São Paulo já são 14 denúncias. Não podemos permitir esse comportamento de negociação com as vacinas e o não cumprimento das metas preconizadas pelo Ministério da Saúde. Que consigamos fazer com que o sistema de informação faça a notificação em tempo real das pessoas imunizadas. A própria população deve denunciar esses desvios.

 

Recentemente vocês votaram, na Assembleia Legislativa, um Projeto de Lei que autoriza o Estado a comprar vacinas contra a Covid-19, seguindo o calendário nacional. O governador acertou em tomar essa iniciativa?

GORETTI REIS: É uma iniciativa que deve ser seguida pelos prefeitos dos maiores municípios sergipanos. Enquanto maior a adesão, mais vacinas teremos. Avançaremos o processo de imunização em nosso Estado. Alternativa para recuperarmos o tempo perdido por falta de ações por parte do Governo Federal, infelizmente.

 

Mas a senhora também fez cobranças sobre a vacinação em alguns municípios sergipanos. O que houve?

GORETTI REIS: Cobramos mais celeridade, por parte de alguns municípios sergipanos, no processo de imunização da população mais idosa contra a COVID-19. A gente lembrou do quanto tem sido difícil para se garantir a aquisição de novas vacinas e não é aceitável que, quem possua vacinas em seus domínios, não esteja efetivamente fazendo a imunização. São vidas perdidas, famílias destroçadas, sem contar que nossas unidades de saúde estão lotadas, sem um número suficiente de leitos e de equipes. Falei pessoalmente com alguns coordenadores dos municípios que estavam com os índices mais baixos. Há muita lentidão e a gente tenta ajudar de todas as formas. Buscamos entender a razão do porquê dessa demora.

 

Ainda sobre esse assunto COVID-19, como enfermeira, que mensagem a senhora gostaria de deixar para a população?

GORETTI REIS: Eu sempre defendo uma somação de esforços para a compra de insumos para imunização plena da população, dentro da maior brevidade possível. Como profissional da Saúde a gente entende que é preciso deixar de politizar essa questão da vacina contra a COVID. Temos que somar forças e fazer com os nossos governantes tenham a preocupação com o olhar apenas para o cidadão. Não precisa fazer guerra, porque enquanto isso nós estamos perdendo milhares de vidas. Juntos podemos fazer avançar a cobertura e fazer com que as pessoas possam sair desse momento de stress, tensão e tristeza. Durante esse 1 ano de pandemia, todos já perderam um familiar, um amigo ou um conhecido. É preciso se colocar no lugar do outro, para sentir a extensão de sua dor. Não é o momento para se pensar em festas. Não é o momento para aglomerações. A pandemia não acabou. Todo cuidado e precaução são necessários. O uso de máscara é primordial para se evitar o contágio. A responsabilidade em reverter a pandemia é de cada um de nós. Façamos a nossa parte!

 

Concluindo a entrevista, vamos de política e eleições 2022: é verdade que a senhora não pretende disputar a reeleição? Vai deixar a vida pública?

GORETTI REIS: Eu procuro exercer meu mandato dentro do maior equilíbrio possível. Não costumo entrar nos debates politizados. Tento representar bem as pessoas,

é o mínimo que posso fazer para honrar os votos de confiança que me foram dados. Acho que não é prudente falarmos de política e de eleições neste momento. A pandemia persiste, é real e todos estamos preocupados. Quero prestar uma homenagem a todos os profissionais que estão na linha de frente no combate a essa pandemia, mas em especial aos queridos servidores da área da Saúde. São jornadas desgastantes, fisicamente e psicologicamente. Sobre o meu futuro político eu prefiro esperar 2022 chegar. Até lá temos o compromisso de combater esse vírus, de proteger nossas famílias e amigos, de cobrar agilidade da vacinação para toda a população. Vamos deixar 2022 para o próximo ano…

 

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