
As Lesões Traumáticas Dentárias constituem um problema comum que atinge crianças e adolescentes, sendo a maior frequência em crianças na idade escolar e em adolescentes durante as atividades esportivas. Cerca de 50% das crianças estão expostas ao trauma dental antes de chegar à idade escolar. Na primeira infância (0 aos seis anos idade) é muito frequente. A partir dos quatro meses de idade, a atenção precisa ser redobrada quando o bebê começa a rolar no seu próprio eixo, com possiblidades de quedas da cama ou trocador.
Entre os fatores etiológicos temos a queda da própria altura, acidentes automobilísticos, acidentes em ambientes de esporte e lazer, além de violência física. Existem ainda vários fatores de risco como cárie que deixa a estrutura dental mais frágil e aumenta a possibilidade de fraturas, a obesidade que diminui a agilidade da criança, aumentando também a possibilidade e impacto na queda, as maloclusões e hábitos parafuncionais como uso de bicos artificiais, sucção digital e a anatomia plana dos pés que podem instabilizar a marcha do bebê.
Dra Flávia Roriz
Segundo a dentista Flávia Fontan Roriz, mestre e especialista em Odontopediatria, aos sete meses de idade, com o início da ação de engatinhar, e entre nove e 15 meses, com o desenvolvimento da marcha do bebê, acontece muita exposição e aumenta substancialmente a possibilidade de quedas. “Essas lesões tem uma prevalência de 26% na primeira infância e o tipo de fratura mais comum é a fratura de esmalte de dentes incisivos superiores (dentes anteriores)”, comenta.
A depender do tipo e extensão do trauma dental, o impacto de qualidade de vida e psicológico da criança e de seu núcleo familiar é um fator de extrema importância, tornando assim um problema de saúde pública. “Caso o atendimento seja tardio, a chance de ter complicações em um dentinho que poderia ser salvo é muito grande. Com a perda precoce de um dente decíduo (dente de leite) da criança interferirá em sua mastigação, fonação e manutenção do espaço para o sucessor permanente. Portanto, a alteração na cavidade bucal pode refletir de forma permanente no desenvolvimento infantil”, alerta Dra Flávia.
Os primeiros minutos e horas são de extrema relevância para um prognóstico favorável
Ela explica que o tratamento de uma lesão pode variar desde o controle da dor com analgésicos, restauração com fins estéticos, contenção dental, à extração dental. “É bom lembrar que mesmo o dente avulsionado podemos ter a indicação de reimplante dental. O meio de armazenamento do dente avulsionado pode ser no leite ou soro fisiológico, o dente não deve ser limpo pelos familiares e deve-se procurar atendimento odontológico imediato”, frisou.
Socorro imediato
Quando uma criança tem um trauma na boca, os primeiros minutos e hora é de extrema relevância para um prognóstico favorável, sendo fundamental a procura de um cirurgião-dentista ou odontopediatra o mais rápido possível. As complicações podem acometer desde o dente decíduo (dente de leite), tecidos moles e até mesmo o dente permanente da região. A radiografia é um exame complementar que deve sempre está presente no protocolo de atendimento à criança com lesão dentária traumática, assim é possível confirmar ou descartar a possibilidade de fraturar e determinara a consulta juntamente com a avaliação clínica que é soberana.
“Não podemos esquecer também da avaliação de tecidos moles com lábios, gengiva e dos ossos da face que devem também ser inspecionados durante a consulta da criança. O núcleo familiar também deve ser acolhido, já que receber uma criança à nível de urgência sempre é difícil para todos os envolvidos. Temos que lembrar, também, da importância do calendário vacinal que deve estar em dia com a vacina antitetânica, caso não esteja recomendada utilizar medicações específicas para proteger a criança, além de orientar a vacinação o mais breve possível”, disse Dra Flávia.
Caso o atendimento seja tardio, a chance de ter complicações em um dentinho que poderia ser salvo é muito grande. “Com a perda precoce de um dente decíduo (dente de leite) da criança interferirá em sua mastigação, fonação e manutenção do espaço para o sucessor permanente. Portanto, a alteração na cavidade bucal pode refletir de forma permanente no desenvolvimento infantil”, pondera.
Prevenção
A possibilidade de evitar ou minimizar o trauma é de acordo com o ambiente em que a criança vive. Locais como áreas de lazer, clubes e parques infantis são particularmente propícios a lesões dentárias. Com a pandemia, as crianças estão em tempo mais integral em casa, portanto algumas medidas preventivas em casa são importantes, bem como nos berçários e escolas.
Parquinhos com piso emborrachado evitam acidentes
“Para tornar o ambiente mais seguro, devemos observar as trancas de proteção em gavetas e portas, telas de proteção, portões de segurança, corrimão em escada, protetores de quinas de móveis, não usar tapetes, optar por piso antiderrapante, parquinhos com piso emborrachado ou grama natural/sintética. Sempre é bom lembrar da importância do uso do cinto de segurança dos carrinhos, bebê conforto e cadeirão de alimentação. Essas medidas tornam o ambiente mais seguro”, ressalta.
“O uso de calçados emborrachados e prezo ao pezinho da criança também é uma medida de segurança, bem como supervisão em tempo integral de um adulto. Sabe-se também que crianças que usam chupetas, mamadeiras, fazem sucção digital (chupa dedo) e é respiradora bucal estão mais susceptíveis ao trauma dental por terem os dentinhos mais projetados para frente e não terem a proteção efetiva do lábio”, conclui Dra Flávia.